sábado, 11 de agosto de 2007

Bom e barato

Beber vinho de boa qualidade pode parecer algo caro. Não necessariamente. É possível encontrar nas importadoras e nos produtores nacionais vinhos bastante interessantes na faixa de R$ 20 a R$ 30. Três deles – um espumante, um branco e um tinto – estão sempre na minha adega.

Espumante: Salton Reserva Ouro Brut (Brasil)
(http://www.salton.com.br/)

Branco: Alamos Chardonnay (Argentina)
(http://www.mistral.com.br/)

Tinto: Leonardo Tempranillo (Argentina)(http://www.vincivinhos.com.br/)

Vale comprar de caixa. É garantia de vinho bom e barato para um dia-a-dia mais feliz!

Uma nova vila para comer e beber bem

Hoje, almocei no Imperatriz Villa Bar, na Vila Leopoldina, e me surpeendi com o lugar. À primeira vista parece mais um dos milhares de bares que estão pipocando na região por conta do "boom" imobiliário.

Porém, descobrimos algo diferente já na entrada, quando nos deparamos com um corredor que leva para um ambiente aberto e bastante agradável, com direito a jardim e fonte.

Aos sábados, serve uma bela feijoada (R$ 34), no esquema de bifê, uma das melhores que já comi, com caldo bastante saboroso e feijão firme, consistente. Além das partes tradicionais do porco na feijoada, o bifê oferece bolinho de arroz, mandioca frita, bisteca, um vistoso pernil e diferentes tipos de lingüiça. Também oferece uma mesa de salada, bastante simples.

Para acompanhar, pedi um prosecco da Casa Valduga, o Estações - Outono. Trata-se de um espumante de cor dourada, bastante intensa, com aromas e sabores equilibrados. Foi muito bem com a feijoada, considerando o efeito da acidez do prosecco na gordura do prato. Pena que esta é a única opção de espumante... Há tintos para quem preferir uma harmonização diferente.

Em tempo: aos sábados um trio toca chorinho.

Vale a visita: http://www.imperatrizvillabar.com.br/

domingo, 5 de agosto de 2007

Ouça, leia, beba!

Faço parte de uma comunidade de vinhos na internet e, nos últimos meses, tenho recebido um número grande de mensagens pedindo dicas de como aprender sobre o assunto. Eu costumo dar uma “resposta-padrão”, pois, apesar de ainda ser um iniciante nesse mundo, já encontrei alguns caminhos para que, um dia, eu realmente seja “íntimo” do néctar de Bacco.

A primeira dica é procurar mais informações sobre vinhos em cursos sobre o assunto. O da Sbav de São Paulo (http://www.sbav-sp.com.br/) é ótimo, pois abre as portas para esse mundo, mostrando para o leigo que beber e “entender” de vinhos não é algo para “seres especiais” – basta gostar de vinho e se dedicar um pouco aos “estudos”.

Outra sugestão que costumo dar é ler sobre o assunto. Há uma infinidade de livros “ligeiros” e até verdadeiras bíblias sobre vinhos, que podem sintetizar a teoria sobre o assunto e ser fonte para consulta no dia-a-dia. Há também revistas periódicas, que são excelentes para atualizar o enófilo – aquele que ama o vinho – sobre novos produtos, safras, tendências etc.

A última e mais importante dica – na verdade, é mais do que isso, é uma obrigação – é a degustação do vinho. Não adianta fazer cursos e ler sobre vinhos se o aprendiz não beber muito. Não de uma vez, é claro. Mas é preciso experimentar os vinhos e tentar cruzar o que se percebe na degustação com o que se encontra na teoria dos livros, das revistas, dos cursos e das palestras. O ideal, na minha opinião, é beber em companhia de pessoas que também apreciam vinho, se possível que já estejam nesse mundo há mais tempo do que você. Dividir experiências com outras pessoas é essencial.

Por fim, aconselho que todo mundo que gosta de vinhos forme uma confraria. É muito simples: reúna amigos (no máximo 8 ou 10) que gostem de vinho tanto quanto você e organize os encontros. É importante estabelecer algumas regras, como formato das degustações – locais, periodicidade dos encontros e como serão estabelecidos os temas. Dê um nome para a confraria. Sugiro também que os encontros sejam sempre na casa de um dos participantes ou em restaurantes com locais adequados para esse tipo de reunião – sem odores da cozinha, sem barulho e com mesas grandes para apoiar a grande quantidade de taças (apropriadas) que se usam nesses eventos – uma para cada vinho, sempre!

Sobre os temas, as possibilidades são inúmeras: tipo de uva, país, região, tipo de vinho e até produtor. Também é possível sofisticar um pouco mais e fazer degustações com foco em harmonização; estabelece-se um prato, e os vinhos escolhidos devem harmonizar com ele. Cada participante ou cada dupla (casal, por exemplo) leva uma garrafa. Dessa forma, é possível provar diferentes vinhos sem ter de pagar uma fortuna por isso. Aliás, pode-se começar com vinhos mais simlpes (nunca ruins!), de forma que a evolução do desembolso evolua com a evolução do paladar. É importante que esses encontros não virem apenas uma reunião de amigos.

Deve-se lembrar que o que reúne o grupo em torno da mesa é o vinho. Portanto, é essencial dar atenção a ele. Eu costumo anotar minhas impressões sobre cada garrafa em uma ficha de avaliação, que inclui percepções sobre o “visual do vinho” (brilho, cor, lágrimas na taça), sobre os seus aromas e, é claro, sobre as sensações da bebida na boca. Quem assim desejar também pode pontuar cada vinho – há inúmeras escalas de pontuação, sendo a mais comum e difundida a de 100 pontos.

Reforço o que disse no texto O vinho e o tempo: não adianta ter pressa! Para conhecer o mundo de Bacco e realmente aprender a degustar o vinho de forma mais técnica, é fundamental beber, beber e beber muito. E isso leva tempo – não adianta beber tudo de uma vez só!

O gênio

Um judeu brasileiro caminhava pelo deserto, quando encontrou uma garrafa de vinho. Ao abrir a tampa, apareceu um gênio:
- Olá! Sou o gênio de um só desejo, às suas ordens.
- Então, eu quero a paz no Oriente Médio. Veja esse mapa: que esses países vivam em paz!

O gênio olhou bem para o mapa e disse:

- Cai na real, amigo. Esse pessoal guerreia há 5 mil anos! E, para falar a verdade, sou bom, mas não o suficiente para isso. Peça outra coisa.

- Hum... Eu nunca bebi um vinho brasileiro realmente bom, daqueles que aparecem nas revistas especializadas com mais de 90 pontos. Como sou brasileiro e amo o meu país, gostaria de um vinho nacional realmente bom, digno de competir com os melhores chilenos, californianos e neozelandeses, mas que custasse mais barato do que os importados, é claro.

O gênio suspirou fundo e disse:

- Deixa eu ver a porcaria desse mapa de novo!

Em tempo
Sou contra os críticos mais ácidos da nossa indústria de vinhos. Bebo vinhos nacionais e acompanho sua evolução desde 1999, quando um merlot da Pizzato me chamou a atenção. Aliás, estive na Serra Gaúcha por três vezes nos últimos anos, oportunidades em que tive o prazer de conhecer nossas vínicolas e as famílias responsáveis por elas, que sempre nos acolheram muito bem. Se tem alguém que ama o que faz são essas pessoas, que dedicam suas vidas ao vinho.

Já melhoramos muito e, hoje, alguns de nossos espumantes são excelentes, muito aromáticos e refrescantes. Mas que os nossos preços ainda são um pouco exagerados, isso lá eles são!