domingo, 25 de novembro de 2007

O surpreendente espumante Dal Pizzol

Dentre todos os tipos de vinho que conheço, o que mais me seduz são sem dúvida os espumantes. Trata-se de uma bebida leve, festiva, na qual parece existir uma aura de vitória, de conquista e de prazer. Às vezes brinco que são os meus "refrigerantes preferidos", pois chego ao exagero de beber todos os dias quando estou de férias ou viajando em um feriado prolongado.

O fato é que eu venho comprando e experimentando muitos tipos de espumantes, especialmente os nacionais. Há anos sou fã dos Cave Geisse, do brut ao terroir, todos muito equilibrados, refrescantes e gostosos. Para mim, este sempre foi o melhor espumante nacional, competindo apenas com o Marson, mas sempre com uma certa distância de vantagem.

Nos últimos tempos, no entanto, tenho me surpreendido com a qualidade dos espumantes da Dal Pizzol, vinícola que visitei há alguns anos e que, para mim, sempre foi sinônimo de vinhos apenas medianos (para não dizer medíocres). Quando falo dos espumantes surpreendentes, me refiro aqui ao brut produzido pelo método tradicional e também ao rosê, certamente o melhor do gênero no Brasil, conforme pude constatar em uma degustação de espumantes nacionais na Sbav de São Paulo, meses atrás, quando os principais produtores do Brasil apresentaram os seus melhores produtos.

Sobre o Dal Pizzol Brut Método Tradicional, tenho a dizer que se trata de um espumante tão bom quanto o Cave Geisse Brut, com ótimo aroma, remetendo a tostado, manteiga, um pouco de abacaxi, flores brancas, mel e, lá no final, um pouco de cravo também. Sua cor tende ao dourado, com excelente perlage, fazendo lembrar um legítimo champanhe.

Fica aqui a dica de um excelente espumante nacional, talvez o melhor na atualidade produzido em terras brasileiras. A boa notícia é o preço: R$ 31 na vinícola ou nos distribuidores oficiais. Bem mais barato do que os concorrentes de qualidade semelhante.

Mais informações: http://www.dalpizzol.com.br/

domingo, 11 de novembro de 2007

Paella Mista

Ontem, preparei uma paella mista e fiz uma experiência que há tempos ensaiava: harmonizar este típico prato espanhol com vinho rosé.
Minha suspeita se confirmou: a harmonização não apenas é possível, como arriscaria dizer que é a ideal! Não pela "compatibilidade" da cor do prato e do vinho, que é um charme à parte, mas sim pela riqueza de aromas que se observa em ambos e pelo equilíbrio entre o peso do vinho e o da paella.

Assim como o rosé é uma espécie de "meio de caminho" entre o branco e o tinto, a paella mista também expressa uma personalidade dúbia. Tem frutos do mar, mas também tem frango e carne de porco. O fato é que o casamento foi perfeito.

A melhor harmonização da noite foi com o argentino Learning to Fly 2006, um malbec bastante interessante, com aromas discretos se comparado ao outro vinho da noite, o Quinta da Sequeira 2006, também um excelente vinho.

Para quem quiser fazer a experiência, segue abaixo a receita para 6 pessoas (usar a paella - a panela apropriada tem o mesmo nome do prato - de 40 cm). Importante: como fiz "de olho", as quantidades são aproximadas.

Ingredientes:

500g de arroz parbolizado
1kg de camarões grandes (manter 6 unidades com a casca, para decoração)
300g de lulas cortadas em anéis
500g de frango cortado em pedaços pequenos (à passarinho)
200g de linguiça toscana (usei a da Sadia, embalada a váculo, que é firme e não despedaça)
12 mexilhões (usar 6 para decorar)
200g de vagem macarrão cortadas ao meio (aparar as pontas)
3 dentes de alho picados
2 tomates sem pele e sem sementes picados
Salsinha a gosto (usei 2 colheres de chá)
1 pimentão verde (assar, pelar e cortar em tiras para a decoração)
1 pimentão vermelho (mesmo procedimento acima, mas cortar parte em pedaços pequenos)
200g de ervilhas
1 colher de chá de páprica doce
1 colher de chá de açafrão em pó (do pistilo da flor)
1 xícara de azeite extra-virgem
2 litros de caldo de camarão (feito com as cabeças dos camarões ou o de tablete mesmo)

Preparo:

1) Temperar todas as carnes (exceto a lingüiça) com sal e pimenta do reino.

2) Colocar o azeite na paella e fritar os camarões (inclusive os com casca). Reservar.

3) No mesmo azeite, fritar o frango e as lingüiças (cortadas em rodelas). Mantê-los na panela.

4) Acrescentar o alho, a vagem, o pimentão vermelho picado e as ervilhas. Refogar por 5 minutos.

5) Enquanto isso, colocar os mexilhões e os camarões com casca para cozinhar no caldo de camarão durante 5 minutos. Tirar do caldo e reservar.

6) Acrescentar na paella a lula , o tomate e a salsinha. Refogar por mais 5 minutos.

7) Acrescentar os camarões sem casca.

8) Despejar o caldo no refogado e adicionar a páprica doce e o açafrão. Deixar cozinhar em fogo alto por 10 minutos. Provar o sal e corrigir, se necessário.

9) Adicionar o arroz fazendo uma cruz na paella (ele ficará submerso no começo, mas à medida que o caldo for secando e sendo absorvido pelo arroz, ele ocupará toda a panela). Adicionar também os mexilhões (exceto os da decoração). Manter em fogo baixo até o final da cocção. Aqui, atenção para um detalhe importante: o caldo deve secar completamente, até fritar o arroz do fundo da panela (ouve-se um frigir). Esse fundo levemente "tostado" é considerado parte nobre do prato.

10) Fazer a decoração (ver foto).

É importante ir provando o arroz para checar se está no ponto. Quando o caldo secar, o arroz deve estar cozido, mas consistente e bem soltinho. Se necessário, acrescentar mais caldo (de pouquinho em pouquinho). A grande vantagem do arroz parbolizado é que ele dificilmente fica mole e empapado.
Faça o teste e depois poste aqui o que achou!