sábado, 4 de outubro de 2008

Monte Verde é das loiras

Final de semana passado resolvi dar um pulo em Monte Verde, por muitos definida como a Campos do Jordão mineira. “Dar um pulo” não foi maneira de dizer. Na verdade, eu e meu carro demos vários pulos nos 30 quilômetros de estrada de terra esburacada que separam Camanducaia do pequeno distrito de Monte Verde. Diz a lenda que é proposital, pois os “donos da cidade” não querem que o lugar vire um daqueles pontos turísticos lotados, cheios de gente mal educada, que joga papel no chão, para o carro na calçada e enche as lojas, mas não leva nada. O dinheiro e o progresso também não chegam, mas quem disse que alguém está preocupado com isso por lá?

A primeira e única vez que estive em Monte Verde foi há mais de 10 anos. Mas parece que não mudou muita coisa de lá para cá. Exceto pela multiplicação de pousadas, chalés e hotéis e alguns novos e bons bares e restaurantes. No centro, apenas uma via “principal”, chamada Avenida Monte Verde, onde eu encontrei tudo o que precisava: boa comida e boa bebida. Sem muita sofisticação, pois não é essa a proposta do lugar.

Não foi um final de semana enogastronômico, pois bons vinhos passaram longe das cartas locais. Em compensação, pude beber algumas cervejas deliciosas, entre belgas, holandesas, alemãs e até uma brasileira, a Cauim, produzida em Ribeirão Preto, interior paulista. Foi nessa viagem que conheci, tardiamente, o que é uma cerveja trapista, elaborada sob a supervisão dos monges de cinco ou seis monastérios belgas e um holandês. Como pude viver 32 anos sem ter bebido uma única gota dessa maravilha?

Bom, indo ao que interessa, vou dar algumas dicas aqui. A primeira é o hotel, chamado El Brujo. O nome espanta a princípio, mas o lugar é muito agradável, cheio de verde, e aconchegante – são apenas 8 chalés. Sugiro o de número 7, um dos únicos com banheira de hidromassagem e uma bela vista para as montanhas. Veja bem: a vista para as montanhas você tem de dentro da banheira, através de uma janela! Não preciso dizer que uma lareira torna o ambiente ainda mais aconchegante e romântico...

Quanto a comer e beber, sugiro, à noite, o Pucci, dica de um amante do mundo dos charutos. Lá, comi uma truta muito bem preparada. Mas também se pode comer o tradicional fondue – esse eu não provei, mas quase todos os casais que ali estavam fizeram essa opção, à luz de velas. Não é um lugar para ir com crianças, definitivamente! O que o charuto tem a ver com esse restaurante? Nada de mais especial, além de três ou quatro mesinhas na área externa, onde apenas os heróis conseguem sentar nas geladas noites de Monte Verde. Eu fumei o meu Cohiba Siglo II no chalé mesmo.

Para almoçar, sugiro o Panela de Ferro, onde comi um belo tutu de feijão com costela de porco, couve, banana empanada e arroz. Tudo sempre acompanhado de cervejas, da nacional Baden Baden à alemã Erdinger, que é possível encontrar até nos botecos da cidade.

Mas o lugar mais bacana que conheci foi, sem dúvida, o Beija Flor. Sentar nas mesinhas da parte externa e curtir a boa carta de cervejas, acompanhadas dos petiscos da casa, já fazia a viagem valer a pena. Foi nesse lugar que provei a trapista belga de cor dourada, cujo nome não lembro, pois fiquei tão encantado que simplesmente esqueci de anotar! Também conheci a alemã Weihenstephaner Vitus, segundo o garçom a primeira cerveja de trigo bock e clara a chegar ao Brasil. Se é verdade, eu não sei, mas que a danada é boa, isso ela é! Para comer, vale pedir os palitos de truta empanados com farinha crocante, gergelim e pimenta rosa, acompanhados de molho de laranja e saquê. São uma delícia! Já as mini-salsichas são perfeitas na harmonização com as cervejas.

Todos esses lugares para beber e comer bem ficam na Avenida Monte Verde. Ao lado, encontram-se outras opções, que não tive tempo de conhecer, mas que são bem recomendadas, como o Trás os Montes, cujo carro-chefe é o bacalhau, e o Paulo da Truta.

Por fim, o meu conselho é que você alugue um jipe ou um buggy para dar umas voltas pelas ruas escondidas da cidade. Você vai dar de cara com esquilos e algumas belas casas de gente que tem dinheiro, mas que sabe dar valor para a simplicidade de Monte Verde.

9 comentários:

Natália Tavares de Azevedo disse...

Oi Paulo!
Eu adoro cervejas trapistas! Em especial a La Trappe e a Chimay, em todas as suas variedades. Puxa, agora até me deu uma vontade...
Onde fica exatamente essa cidade? Achei interessante.
Abraços
Natália

Paulo Sampaio disse...

Natalia, fica em MG, quase na divisa com São Paulo. O acesso é pela Fernão Dias. Você entra em camanducaia e pega uma estradinha até Monte Verde. Dá uns 160 km da cidade de São Paulo.

Anônimo disse...

Faz muuuito tempo que não vou a Monte Verde. Agora está bem mais interessante.
Aliás gostei bastante do seu blog. Voltarei mais vezes.

abs.
http://khodair.com.br/wordpress

Anônimo disse...

Bom te ter de volta depois de longa ausência e já registrei o site do hotel. Curto demais Monte Verde só complica quando chove com aquelas estradas e ruas de terra! Minha praia virou vinho, só saio fora para uma trapista ou uma boa weissbier, boas demais!
Vais participar da campanha do aniversário da coluna? Abraço

Unknown disse...

OI Paulo !

Você deve sempre fazer umas ''chamadinhas''nos instigando a ler seus bons textos ! Muito bom mesmo! Não poderei compartilhar com vc o prazer destas cervejas,por puro desconhecimento do assunto,mas que fiquei curiosa ,ah! isto eu fiquei!
beijos
Mariangela

Anônimo disse...

grande Paulo,

De fato, vc demorou para experimentar uma trapiste...mas, antes tarde do que nunca...fiquei com vontade de dar um pulo em Monte Verde e hospedar-me no El Brujo...abs
Luís Thomé

Paulo Sampaio disse...

É isso aí, Luis. Antes tarde do que nunca!

Eu te aconselho a ir. Pega o chalé 7 que vai ser uma segunda Lua de Mel (rs)!

aliciofjr disse...

Ah não...agora vai ter que comparecer mais à Premium e me avisar antes para eu não ir embora e sugar todo esse BOM conhecimento.

Unknown disse...

Excelente texto Paulo. Estava justamente procurando sobre a pousada "El brujo". Vou para lá no próximo feriado. Estou curiosíssimo em relação à gastronomia local. Quando voltar conto sobre a viagem.

Abraços,
Hommenig