terça-feira, 15 de novembro de 2011

Boa compra: Clos de Torribas Reserva

Para compensar a reclamação do post anterior, termino o feriado com uma boa dica de compra, daquelas fáceis de realizar. Estou falando do Clos de Torribas Reserva, no caso, safra 2005, comprado no Pão de Açúcar. É um vinho espanhol, de Penedès, que surpreende pela relação entre qualidade e preço. Custa R$ 45,90 e vale cada centavo. Comprei por curiosidade e tive uma grata surpresa. Acompanhou uma pizza, mas poderia ter feito bonito em companhia de muitos outros pratos, como risotos, massas e carnes leves.

No visual, já mostra alguma evolução. No nariz, é complexo, lembrando os bons tempranillo espanhois, com boa madeira, um toque de fruta bem madura e baunilha, mas prevalecendo os aromas terciários. Na boca, traz frutas vermelhas, o tostado da madeira e um pouco de couro no retrogosto. Médio corpo e boa intensidade. É o tipo de vinho que agrada principalmente quem curte rótulos do Velho Mundo, pois não carrega na fruta e no álcool. Vale cada centavo e pode ser encontrado no supermercado, o que ajuda muito.

Recomendo para o dia-a-dia e também para uma recepção, quando se quer algo barato, que agrade a todos e que vá bem com o maior número possível de alimentos.

Sujinho e durinho

Evito postar críticas a lugares que visito, pois acho mais útil e interessante gastar tempo e espaço no blog para dicas positivas. Porém, a decepção de hoje foi tamanha que resolvi registrar.

Por incrível que possa parecer, eu ainda não conhecia o Sujinho, na Consolação, apesar das inúmeras recomendações de amigos e dos incontáveis elogios publicados pela imprensa. O fato é que nesta manhã fui comprar materiais de iluminação na Consolação e resolvi finalmente conhecer a famosa bisteca bovina do Sujinho. A expectativa era grande, do tamanho da própria bisteca.

Ao entrar no restaurante, tive a sensação de estar no também famoso Filé do Moraes da Alameda Santos. O estilão é bem parecido, um misto de restaurante mais simplório e tradicional, com garçons antigos vestindo aquele uniforme branco e antiquado. Enfim, nada de surpresa e tudo muito parecido com o que eu imaginava. Mas a bisteca...

Bom, assim que cheguei, peguei o cardápio apenas por desencargo de consciência, pois estava decidido a pedir o carro-chefe da casa. Para acompanhar, meia porção de fritas e meia de arroz carreteiro. Cerca de 15 minutos depois chega a bisteca, bela, suculenta e ao ponto, como eu imaginava. Saquei o garfo e a faca para iniciar o ataque, mas tais instrumentos se mostraram quase inúteis diante da rigidez da carne. Comecei de novo, cortando a partir da outra ponta, mas os "nervos de aço" estavam por toda a parte. Repeti o procedimento, na esperança de encontrar uma frente de batalha menos dura, mas foi em vão. Quando eu pensei em reclamar para o garçom, já havia picotado toda a bisteca.

Fiquei tentando encontrar explicações para o que acontecia. Seria a falta de hábito de comer bisteca? Não era o caso, pois esse é um tipo de carne que estou acostumado a comer e inclusive a preparar. Seria azar e eles erraram na minha vez? Isso pode ser... Mas, de qualquer modo, é imperdoável acontecer justo com o carro-chefe da casa. É como o Jardim di Napoli errar no Polpetone ou o Ponto Chic no Bauru.

Como essa bisteca é quase um mito, quis registrar aqui que comi e não gostei. Foi certamente a pior que provei nos últimos tempos, apesar de o sabor estar ok (nada de especial, mas agradável). O Sujinho definitivamente se sujou comigo.

domingo, 6 de novembro de 2011

Bons Vino Nobile em uma noite toscana surpreendente


Ontem, bebi 5 diferentes Vino Nobile di Montepulciano e achei interessante como a qualidade deles era quase que inversamente proporcional ao preço. A degustação aconteceu na casa de um casal de amigos, que nos recepcionou com um ótimo menu "à toscana". O prato principa, um Pici al Ragu di Filetto, estava excelente! Filé cortado na ponta da faca em um molho de tomates delicioso, que banhava a típica massa toscana, semelhante ao bucatini.

Mas voltemos aos vinhos. Começando pelo mais fraco, o Redi 2004, oferecido pelos donos da casa (explicada a bajulação do primeiro parágrafo). Foi trazido na mala, e a expectativa era grande pela "exclusividade" do rótulo. Custou 25 euros (seria uns R$ 200 no Brasil?). Frutado do nariz, com toque vegetal. Na boca, um pouco magro e curto, com acidez a desejar.

A decepção, para mim, foi o Dei 2006, que custou R$ 118 e f
icou em penúltimo lugar. Muita fruta fresca, em especial cereja. Na boca, caramelo, taninos jovens e boa acidez. Corpo magro e pouco persistente. Não promete muito. Já na terceira posição, o Avignonesi 2005, a R$ 156. Um pouco fechado, com um toquezinho floral. Tânico demais na boca, deixando uma secura "chata". No entanto, boa acidez e talvez um dos que melhor evoluirão. Certamente foi bebido cedo demais.

Em segundo lugar, o excelente e típico Poliziano 2006, tecnicamente empatado com o primeiro. Nariz bastante complexo, com floral, fruta madura, terra, cogumelos, um pouco de baunilha e um discreto químico. Este custou R$ 135. Já o melhor, mais complexo e surpreendente foi o La Braccesca 2004, que custou R$ 95. Muito intenso na cor, nariz rico em frutas passificadas, couro e ervas. Ótimo corpo e boa persistência. Um vinho acima da média, suculento, quase um Brunello. Aliás, talvez melhor do
que alguns deles. Excelente compra!

Em tempo: Aproveito para fazer uma menção honrosa ao Vernaccia di San Gimignano Riserva do Palagetto, oferecido pelo casal de amigos, que abriu os trabalhos. Belíssimo vinho!