domingo, 1 de abril de 2012

Copa América de Vinhos 2012

Ontem à noite, eu e um grupo de amigos realizamos mais uma degustação muito interessante com vinhos das Américas, que batizamos de Copa América de Vinhos. A ideia foi reunir alguns dos ícones desses continentes para compará-los. Trata-se de uma brincadeira, obviamente, como qualquer degustação que proponha ordenar vinhos de safras, cepas e regiões diferentes. Mas foi divertido e, desta vez, surpreendente!

Foram selecinados para o painel 7 vinhos, entre eles um brasileiro, que por decisão do grupo, revoltado com a ideia das salvaguardas, foi excluído da foto e não será comentado por ninguém. Chegamos a considerar retirá-lo do painel, mas como já havia sido comprado, mantivemos. Uma pena, mas enquanto essa palhaçada durar eu e muita gente que conheço não compraremos e não comentaremos os produtos nacionais. Estes são os vinhos que consideramos: Opus One 2007, Montelena Estate Cabernet Sauvignon 2005 e Caymus Cabernet Sauvignon Special Selection 2008 (EUA); Almaviva 2008 e Don Melchor 2006 (Chile); e Nicolas Catena 2007 (Argentina).

Como é possível constatar, todos os vinhos ainda estavam muito jovens. Mas mesmo assim decidimos fazer a prova. Daqui 10 anos voltamos para os mesmos vinhos e fazemos outra, já que as garrafas foram compradas em duplicidade em sua maioria. Todos os vinhos passaram pelo menos 3 ou 4 horas no decanter. A ordem das garrafas na foto é a classificação final do grupo. Porém, como o blog é meu (!), comentarei a minha classificação pessoal!

O último colocado, surpreendentemente, foi o Don Melchor 2006, que claramente não estava em sua melhor forma. Não identifiquei nenhum dos defeitos clássicos, mas havia um ranço, uma ameixa meio passada, com final de boca adocicado, que incomodou a todos. Era o mais escuro do painel, muito denso, quase negro. No nariz, ameixa, um toque de chocolate, terra molhada e um oxidativo leve. Na boca, boa acidez, seguindo a linha do nariz, mas com um final enjoativo. Taninos ainda pegando um pouco. Bom corpo e boa persistência. Mereceu 88 pontos.

O quinto colocado foi o Montelena Estate Cabernet Sauvignon 2005. Rubi, com boa intensidade. No nariz, fruta vermelha, leve herbáceo e toque de madeira sutil. O álcool incomodou um pouco. Na boca, boa acidez, alcoólico, bom corpo e boa persistência. Taninos também jovens e presentes. Levou 89 pontos.

O quarto colocado foi o Opus One, o que me surpreendeu, pois já bebi esse vinho em pelo menos outras 3 degustações semelhantes e ele quase sempre foi o melhor. Recentemente perdeu apenas para um Grange, australiano quase imbatível quando se fala de Novo Mundo. Mas desta vez não foi tão bem. Rubi muito intenso. No nariz, leve vegetal, toque defumado, frutas vermelhas e bastante álcool. Na boca, boa acidez, mais tânico que os demais e muita madeira. Acho que em 10 anos poderá superar os demais se tudo isso evoluir bem, pois tem muita estrutura, corpo e persistência. Ganhou 89,5 pontos.

A terceira posição ficou com o Almaviva 2008. Também muito intenso na cor rubi. Nariz lácteo e um ataque de álcool no início. Abriu um herbáceo e uma goiaba que me fizeram deduzir sua origem. Na boca, ótima acidez, um pouco tânico ainda, com noz ou algo nessa linha no final, deixando um retrogosto levemente caramelado. Ótimo corpo e boa persistência. Recebeu 90 pontos.

O vice-campeão da noite foi o Caymus Cabernet Sauvignon Special Selection 2008. Rubi muito intenso. No nariz, vegetal, um pouco de madeira e um toque mineral. O álcool também incomodou no início, mas depois melhorou. Na boca, mostrou ótima acidez, taninos presentes, muito corpo (carnudo), quase mastigável e uma persistência enorme. Mereceu 90,5 pontos.

E o grande campeão das Américas foi a surpresa da noite: Nicolas Catena 2007, que na minha opinião correria por fora. Belo vinho e, o melhor: o mais barato do painel! Rubi intenso e halo violáceo, entregando a malbec, que compõe pouco mais de 30% nesse corte com cabernet sauvignon. No nariz, fruta vermelha compotada, leve lácteo e madeira elegante, puxando para toques agradáveis de mentol e caramelo. Na boca, excelente acidez, taninos presentes, mas já arredondando. Madeira evidente, bom corpo e ótima persistência. No conjunto foi o que mais me agradou. Trata-se de um vinho ainda bastante jovem, mas já muito bebível e agradável. Levou 91,5 pontos.

O painel foi muito bacana, mas certamente a juventude dos vinhos prejudicou qualquer comparação mais séria. Vamos ver como estarão lá na frente, quando de fato estiverem prontos para o abate!

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