
Faço parte de uma comunidade de vinhos na internet e, nos últimos meses, tenho recebido um número grande de mensagens pedindo dicas de como aprender sobre o assunto. Eu costumo dar uma “resposta-padrão”, pois, apesar de ainda ser um iniciante nesse mundo, já encontrei alguns caminhos para que, um dia, eu realmente seja “íntimo” do néctar de Bacco.
A primeira dica é procurar mais informações sobre vinhos em cursos sobre o assunto. O da Sbav de São Paulo (
http://www.sbav-sp.com.br/) é ótimo, pois abre as portas para esse mundo, mostrando para o leigo que beber e “entender” de vinhos não é algo para “seres especiais” – basta gostar de vinho e se dedicar um pouco aos “estudos”.
Outra sugestão que costumo dar é ler sobre o assunto. Há uma infinidade de livros “ligeiros” e até verdadeiras bíblias sobre vinhos, que podem sintetizar a teoria sobre o assunto e ser fonte para consulta no dia-a-dia. Há também revistas periódicas, que são excelentes para atualizar o enófilo – aquele que ama o vinho – sobre novos produtos, safras, tendências etc.
A última e mais importante dica – na verdade, é mais do que isso, é uma obrigação – é a degustação do vinho. Não adianta fazer cursos e ler sobre vinhos se o aprendiz não beber muito. Não de uma vez, é claro. Mas é preciso experimentar os vinhos e tentar cruzar o que se percebe na degustação com o que se encontra na teoria dos livros, das revistas, dos cursos e das palestras. O ideal, na minha opinião, é beber em companhia de pessoas que também apreciam vinho, se possível que já estejam nesse mundo há mais tempo do que você. Dividir experiências com outras pessoas é essencial.
Por fim, aconselho que todo mundo que gosta de vinhos forme uma confraria. É muito simples: reúna amigos (no máximo 8 ou 10) que gostem de vinho tanto quanto você e organize os encontros. É importante estabelecer algumas regras, como formato das degustações – locais, periodicidade dos encontros e como serão estabelecidos os temas. Dê um nome para a confraria. Sugiro também que os encontros sejam sempre na casa de um dos participantes ou em restaurantes com locais adequados para esse tipo de reunião – sem odores da cozinha, sem barulho e com mesas grandes para apoiar a grande quantidade de taças (apropriadas) que se usam nesses eventos – uma para cada vinho, sempre!
Sobre os temas, as possibilidades são inúmeras: tipo de uva, país, região, tipo de vinho e até produtor. Também é possível sofisticar um pouco mais e fazer degustações com foco em harmonização; estabelece-se um prato, e os vinhos escolhidos devem harmonizar com ele. Cada participante ou cada dupla (casal, por exemplo) leva uma garrafa. Dessa forma, é possível provar diferentes vinhos sem ter de pagar uma fortuna por isso. Aliás, pode-se começar com vinhos mais simlpes (nunca ruins!), de forma que a evolução do desembolso evolua com a evolução do paladar. É importante que esses encontros não virem apenas uma reunião de amigos.
Deve-se lembrar que o que reúne o grupo em torno da mesa é o vinho. Portanto, é essencial dar atenção a ele. Eu costumo anotar minhas impressões sobre cada garrafa em uma ficha de avaliação, que inclui percepções sobre o “visual do vinho” (brilho, cor, lágrimas na taça), sobre os seus aromas e, é claro, sobre as sensações da bebida na boca. Quem assim desejar também pode pontuar cada vinho – há inúmeras escalas de pontuação, sendo a mais comum e difundida a de 100 pontos.
Reforço o que disse no texto
O vinho e o tempo: não adianta ter pressa! Para conhecer o mundo de Bacco e realmente aprender a degustar o vinho de forma mais técnica, é fundamental beber, beber e beber muito. E isso leva tempo – não adianta beber tudo de uma vez só!