sexta-feira, 6 de abril de 2012

O que o Brasil tem de bom não precisa de salvaguardas

Nos últimos dias eu e 99% dos enófilos temos batido muito na questão das malditas salvaguardas, seus motivadores e efeitos mais práticos. Mas o que está por trás disso, além da ganância e do oportunismo, é a fraqueza da nossa indústria vitivinícola. Como eu disse há algumas semanas neste blog, a auto-confiança dos nossos produtores se mostrou rala como vinho de garrafão. Se precipitaram ao jogar a toalha, pois nos últimos tempos a qualidade do produto nacional vinha melhorando de forma consistente. Mas a vontade de garantir lucros fartos foi maior do que a ambição de ganhar o consumidor pela qualidade. Como os especialistas são eles, acredito que chegamos mesmo ao limite, não conseguiremos ser mais do que isso. Esta é a principal mensagem que tiro de toda esta palhaçada.

Já repararam que tudo o que o Brasil faz de bom não precisa de salvaguaras? Já ouviram falar de salvaguardas para o futebol? E para a música? Alguém já imaginou salvaguardas para carnaval ou telenovela? E salvaguardas para o turismo? Nas passarelas da moda e nas artes também não se ouve falar... Enfim, não é preciso ser muito esperto para constatar que o pedido de salvaguardas para o vinho é prova de que, se estamos bem em outras áreas, nesta capengamos. Uma pena...

2 comentários:

Herbert Bierwagen disse...

Falou e disse! Ainda virá à tona a verdade sobre um grupelho que está tentando se aproveitar de canais na política para criar essa bagunça que já trouxe péssimas consequencias para
o mercado de vinho brasileiro.

Nivaldo Sanches disse...

Outro detalhe interessante - a época em que o vinho brasileiro mais evoluiu foi exatamente ao longo dos últimos dez ou quinze anos - ou seja, a época em que ele mais esteve exposto à concorrência dos importados ... Como você diz - salvaguardas pra quê ?!?