domingo, 31 de maio de 2020

O fogo apagou

Enquanto milhares de pequenos restaurantes se desdobram para manter o negócio vivo e o emprego de seus funcionários, criando promoções, vouchers para utilização futura e sistemas de entrega, grandes redes estão fazendo feio nesta crise e mostrando o que de fato são. Depois do vexame protagonizado pelo Madero e seu fundador, que fez pouco caso da saúde das pessoas em nome da manutenção das suas gordas receitas, agora é a vez do Fogo de Chão passar uma vergonha atrás da outra.

Como se não bastasse demitir sumariamente mais de 600 funcionários – a grande maioria deles trazida do Sul para “manter o padrão de qualidade” –, os ricos acionistas da rede, que conta com mais de 50 lojas mundo afora, decidiram não pagar parte dos direitos trabalhistas do seu pessoal. Para isso, invocou o tal “fato do príncipe”, que, como o próprio nome indica, é algo totalmente ultrapassado, jogando para o Estado – ou seja, para a população – a conta da sua decisão egoísta, desumana e antiética, totalmente desconectada do seu tempo e do que a sociedade espera de uma empresa desse porte. Além de extemporânea, a justificativa é mentirosa, já que o fechamento das lojas não se deu por vontade governamental, mas sim por contingência forçada pela pandemia da covid-19.

Mas o Fogo de Chão não parou por aí. Acionada pela Procuradoria Regional do Trabalho por conta do calote naqueles que sempre foram seu grande diferencial, suas pessoas, a rede entrou com pedido de sigilo do processo, ciente de que o que fez seria fortemente reprovado, inclusive por seus clientes. Afinal, quem ainda seria capaz de pisar em um estabelecimento bancado por ricos investidores que usaram uma tragédia humana para jogar na rua da amargura centenas de pessoas, passando a conta para o governo, que mal tem conseguido bancar medidas de saúde básicas para acudir a população?

Chegou a hora de separar gente séria de espertalhões, que se aproveitam do período mais crítico que todos nós que estamos aqui neste momento viveremos para tirar vantagem financeira em cima da dor alheia. Eu já tomei a minha decisão: não piso mais em uma loja do Fogo de Chão. Meu dinheiro esses investidores gananciosos e inescrupulosos não verão mais!

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