domingo, 29 de maio de 2011

Copa do Mundo dos Vinhos 2011

Ontem à noite, o restaurante Rosmarino foi palco de uma competição fantástica. Batizada de Copa do Mundo dos Vinhos 2011, o evento reuniu 10 pessoas para um embate entre gigantes: Chateau Margaux 2001, Vega Sicilia Único 1999, Sassicaia 2005, Opus One 2006 e Almaviva 2006.

Na verdade, foi uma grande brincadeira entre amigos que viajaram e trouxeram na mala esses vinhos com o objetivo de comparar ícones do mundo. Os trabalhos foram abertos com o Franciacorta Cá del Bosco e com o Champanhe Tattinger. Nessa disputa, houve empate. Eu, particularmente, preferi o Champanhe, que me pareceu mais "redondo". Mas a briga foi equilibradíssima.

O interessante desse painel é que, a exceção do Vega Sicilia, todos os demais seguem a linha bordalesa, sendo elaborados por "inspiração" dos grandes vinhos de Bordeaux, entre eles o próprio Chateau Margaux. De certa forma, o confronto era quase entre o "original" francês e os que tentam sê-lo. A cabernet sauvignon foi a grande estrela da noite e se destacou em todos os vinhos - exceto no espanhol, que é praticamente um varietal tempranillo, com apenas 15% a 20% de cabernet sauvignon e merlot.

O resultado final foi praticamente uma repetição do "Julgamento de Paris", com o californiano em primeiro e o bordalês em segundo. Ambos seguidos de perto pelo espanhol, pelo italiano e, em último (para o grupo), pelo chileno, que, para mim, ficou praticamente empatado com o Margaux na segunda posição.

O fato é que o Opus One é um baita vinho, daqueles inesquecíveis. Eu o identifiquei na hora, assim como o Chateau Margaux, ambos muito característicos das suas regiões. São dois gigantes, mas desta vez o americano ficou na frente, por toda a sua estrutura, seu equilíbrio e um corpo surpreendente, quase mastigável. Apesar de ainda jovem, estava perfeitamente bebível, como deve ser um vinho mais moderno mesmo na juventude.

Cor rubi intenso, sem nada que sinalize evolução. Nariz com tostado, um toque de coco queimado bem sutil. Muita fruta madura e especiarias são marcantes nesse vinho. Na boca, boa acidez, taninos presentes, mas macios. Excelente corpo e persistência quase infinita. Final de boca "caramelado". Simplesmente fantástico! Dei 94 pontos, contra 93,5 do segundo colocado. Mas poderia ser mais.

As "decepções" da noite - se é que vinhos acima de 90 pontos podem decepcionar -, foram o Sassicaia e o Vega Sicilia. O primeiro porque não tinha a mesma expressão dos demais. Era muito redondo, mas um "tom" abaixo dos campeões no que se refere a estrutura, corpo e persistência. Já o Vega Sicilia me decepcionou porque não se mostrou "típico". Bebi esse vinho recentemente e bebo quase que semanalmente Ribera del Duero. No entanto, desta vez, aromas meio diferentes, de borracha e chocolate amargo, não deixaram o vinho expressar as nuances da boa madeira e da evolução desse ícone espanhol. Ainda sim mereceu 90 pontos.

Nessa Copa do Mundo dos Vinhos, os EUA levaram a taça, deixando para trás franceses, italianos, chilenos e espanhois.

3 comentários:

Sérgio Miranda disse...

Grande vinhos. Espero um dia ter oportunidade de degustá-los.

Alexandre Alves disse...

Excelente painel.Como se comportou o Almaviva nesse embate de gigantes?
Abs,
Ale Alves

Paulo Sampaio disse...

Alexandre, ele se saiu bem, apesar de, para o grupo, ter ficado em último. A diferença de pontos foi pequena. Para mim, ficou em segundo, praticamente empatado com o terceiro. Não decepcionou, apesar de custar 1/3 dos demais vinhos.