sábado, 31 de julho de 2010

Taxa de rolha: quando o valor vai da cara do bobo

Hoje, passei por uma experiência para lá de desagradável no La Caballeriza, bom restaurante de carnes argentinas que frequento com alguma frequência, na Alameda Campinas, especialmente nos almoços de semana. Estive algumas vezes à noite, em degustações ou mesmo em grupos de amigos, quase sempre levando meus vinhos e quase nunca pagando taxa de rolha. Na verdade, lembro de terem me informado certa vez que a taxa era de R$ 25, porém, não me lembro de terem efetivamente lançado o valor na conta. Enfim, era um lugar que considerava "amigo do enófilo", ou seja, um local onde o vinho do cliente era bem-vindo.

Desta vez, no entanto, fui surpreendido com uma abordagem muito estranha e pouco honesta. Já sentado, ao mostrar ao garçom minha garrafa, fui "informado", de uma forma até deselegante (no mínimo imprópria), que o restaurante cobrava taxa de rolha e que talvez valesse mais a pena eu comprar um vinho da carta. Ao perguntar o valor da taxa, o rapaz me informou que eu teria de pagar R$ 50 se quisesse abrir meu próprio vinho.

Fiquei bastante irritado com a situação e pedi para chamarem o gerente, que logo veio me explicando: "Sabe o que é, não é o caso do senhor, mas tem gente que abusa, por isso a diretoria pediu para aumentar a taxa..." Vendo a minha irritação apenas aumentar, o gerente disse que, "no meu caso", poderia cobrar apenas metade, ou seja, R$ 25. Aceitei a oferta, mas juro que pensei em levantar e ir embora, pois me senti tratado como alguém que estivesse mendigando para comer ali.

Mas o pior veio agora à noite... Como eu já digeri a boa carne do La Caballeriza, mas ainda não totalmente a história da taxa de rolha, resolvi ligar e perguntar novamente o valor. Resposta: "Senhor, a taxa é de R$ 25".

Sinceramente, se eu tinha a impressão de que fui tratado como um idiota, agora tenho a certeza. Provavelmente o garçom e o gerente viram que meu vinho não era um "grande vinho" (era um bom cabernet sauvignon chileno que guardei por alguns anos para abrir em um lugar bacana) e combinaram de me "incentivar" a comprar o vinho deles. Uma pena, pois o restaurante é bom, apesar de algumas escorregadas - hoje, a comida estava meio sem sal e a musse de chocolate era um "Danete").

Não foram mal educados comigo, muito pelo contrário. Até trocaram a sobremesa por outra e não a cobraram "pelo inconveniente". Mas que me trataram como um idiota, disso eu não tenho dúvida.

4 comentários:

Anônimo disse...

caro paulo gostaria de informa-lo que antes de ir ao um restaurante com seu próprio vinho o ideal é comunicar sempre a casa,já que a mesma te oferece uma carta ao sentar a mesa e as vezes disponibiliza de um profissional como um sommelier.E a taxa de rolha é para cobrar o serviço de taças que geralmente não são baratas ao estabelecimentos e também desestimular o mal hábito de levar o próprio vinho já que depende da venda deles também para sobreviver.Muitos não cobram taxas quando se refere ao um vinho espacial.

Paulo Sampaio disse...

Caro Anônimo,

Como eu relatei no texto, o problema não foi falta de informação ou insatisfação com a taxa. Eu já sabia o valor (até então R$ 25), pois frequentava o lugar, e estava disposto a pagar. Minha crítica foi para a forma como mudaram o valor da taxa "in loco" e agiram de forma no mínimo questionável para me empurrar um vinho da carta. O restaurante tem todo o direito de cobrar R$ 100, como faz o Fasano, ou mesmo de proibir que o cliente leve o vinho. Mas precisa jogar limpo com o cliente. Mudar o valor de acordo com a cara de quem chega não me parece algo que eu deva tratar como normal.

Sobre ser "mal hábito" levar o vinho, me desculpe, mas discordo de você. Não apenas eu, mas todos os restaurantes que permitem isso, possivelmente a grande maioria. Eu sempre me informo sobre a possibilidade de levar meu vinho antes de sair de casa. No La Caballeriza eu já hava feito isso pelo menos 3 vezes. E tomo o cuidado de não levar vinho comum - o de hoje era um vinho que estava adegado havia anos e, portanto, era um vinho especial (pelo menos para mim).

Eu mantenho uma boa adega e acho justo poder beber vinhos bons comendo boa comida. Por isso busco bons restaurantes para levar meus vinhos - de certa forma, estou prestigiando o restaurante quando faço isso.

Além disso, pagar R$ 30 ou R$ 40 que seja na taxa de rolha mais do que cobre eventuais lucros com a venda dos próprios vinhos. E eu acho isso totalmente normal, tanto que pago sem reclamar.

O problema é que os restaurantes acabam pecando na comida, que deveria ser o seu foco, para tentar ganhar no vinho e no cafezinho. Quem se garante na cozinha não precisa disso.

Paulo Sampaio disse...

A propósito, o restaurante não dispunha de sommelier e tinha uma carta de vinhos pífia, com meia-dúzia de rótulos do Novo Mundo e uma ou outra garrafa da Europa. Tenho dúvidas se mantém os vinhos em adega climatizada. O mínimo que pode fazer é permitir que o cliente leve o vinho. Ninguém merece comer um bom churrasco argentino bebendo vinho ruim ou coca-cola.

CASA DE ABRAHAO disse...

Como proprietário de restaurante, mas antes de tudo um amante da boa mesa sempre me interesso por todos os assuntos ligados ao mundo do vinho. Cobrar ou nao rolha, caro ou barato, vai depender da política de cada restaurante. Mas uma coisa é certa: honestidade e transparência é tudo!!! No meu caso, a taxa equivale ao preço do vinho mais barato vendido na casa, isto é R$35,00. O valor da taxa está impresso o cardápio para nao causar nenhuma dúvida.